terça-feira, 6 de novembro de 2012

Matando a criança dentro de mim

Não por querer,  porque fosse a minha real vontade. Mas eu decidi fazer aquilo que sempre neguei que faria; matar a criança dentro de mim. Por necessidade. Ela passou a me trazer muitos problemas! Acreditava em realização de sonhos, acreditava em pessoas, acreditava no amor. Me fazia sofrer. A cada dia seu riso inocente e irritante foi me fazendo deixar de gostar dela. Afinal, eu me tornei a adulta que nunca quis ser (e precisava encarar isso). Aqueles sonhos, aqueles risos, aquele amor, me barravam no crescimento do ser exterior no qual eu me havia tornado. E eu decidi; a criança dentro da minha alma era finita. Mas,  no caminho, uma cigana me disse que eu tinha dentro de mim uma menina cheia de luz, e pediu que eu não a sufocasse com as ilusões e dores da vida adulta, pois ela era a chave da minha felicidade. Então notei que, desde que eu me desentendera com essa menina dentro de mim, as coisas vinham acontecendo tortas. Desde que eu comecei a rejeitar o seu riso frouxo, a estagnar os seus sonhos alegres e cheios de amor, a minha vida vinha sendo torta. Pensei por um tempo e decidi fazer as pazes com ela. Percebi que eu não preciso matá-la, preciso apenas aquietá-la (e aquietar-me), para esperar que a vida aconteça da maneira de Deus, no tempo Dele e não no meu. E assim vou, aos poucos, revivendo e aprendendo com a criança dentro de mim.