quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Saudade

"Eu sei o que é procurar vocês nas outras pessoas e não encontrar". Essa foi a frase que me quebrou as pernas de hoje, do ano todo, talvez da vida toda. Ouvir uma de suas melhores amigas dizer isso dói, principalmente por saber que você também sente, exatamente, a mesma coisa. É sempre assim, mas não deveria. Chega uma hora em que todos sempre se separam e fica essa saudade imensa e imensurável; a saudade dos sorrisos, das lágrimas, das tardes passadas junto mesmo sem fazer nada, dos segredos compartilhados, da euforia de correr pra ganhar um abraço por ter passado de ano, por ter conseguido um emprego ou um aumento, por ter pego o cara mais gato da festa. É a dor que aperta o peito com o vazio de não ter por perto aquela pessoa com quem você sabia que podia deixar as chaves de casa. As chaves agora ficam no bolso à espera de alguém a quem possa entregá-las. Mas procura tanto, tanto, tanto... e não consegue achar mais essa preciosidade em pessoa alguma. Encontra amigos legais, parceiros, que pode até ser que estejam do seu lado quando precisar. Mas você não se sente em casa, não se sente à vontade pra abraçar apertado sem motivos, pra deitar no colo sem pedir, pra fazer um carinho sem que te peçam. Porque todas essas coisas se constroem em anos, e você vai ter de esperar muito tempo pra se sentir assim de novo. É quando dói mais ainda, por saber que você vai ter que dormir sozinha mesmo com medo do escuro, que não tem ninguém aqui perto que possa entrar pra te fazer companhia, pois as chaves, aquelas que você confiou a alguém, estão longe e não há o que fazer. E você nunca vai pegá-las de volta, porque o que quer é que essas pessoas possam sempre entrar na sua casa, que não tem portas abertas pro mundo, mas que se enche de alegria quando alguém que tem as chaves, volta pra tomar um chá.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Deita e rola

Eu tenho fama de boazinha, calminha, zen. Eu evito discussões, tenho fadiga de desavenças, não causo tumulto nem armo barraco. Se não fico brava? Fico. E muito. E você saberá que me deixou brava quando encontrar meu olhar indiferente, te desprezando deliciosamente, fazendo com que todo o seu topete se desmanche, sem que ninguém perceba. Ficará entre nós. Eu e você saberemos que me me irritou e porquê. Então aproveite do meu excesso de bondade, deite e role sobre a minha paciência, antes que acabem os estoques.