sexta-feira, 22 de maio de 2009

Meu lado machista

Sou defensora das mulheres, de toda sua liberdade, força, elegância e feminilidade. E é sendo fiel a tudo isso que, às vezes deixo aflorar meu lado machista da história. Não confio em homens que reparam no meu novo corte de cabelo ou na cor do meu esmalte, nem naqueles que dizem palavras bonitas e fazem versos poéticos. Confio menos ainda naqueles que não complicam quando saio de shortinho curto, ainda que a festa inteira me devore com os olhos. Não quero homem que não assita futebol, que troque a peladinha de sábado pelo violão, que não entenda de carros. Não quero bolachinhas com manteiga nem beber só destilados. Quero homem que não tenha estilo, mas que seja arrumadinho. Quero ele me esperando na frente de casa pra passear, linda e cheirosa, no banco do passageiro, e que fique claro, do passageiro! Quero que seja meu, e só meu, quero sentir ciúmes, quero posse, quero brigas. Quero um anel de noivado bem lindo antes da aliança de casamento. Quero casar. Quero ser feminista, mas às vezes, quero as coisas desse jeito, exatamente desse jeito.


(uma homenagem à grande amiga NanaRodrigues, porque afinal, nós temos mesmo um lado machista)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Escolhas

Eu hoje fico feliz por um lado e triste pelo outro.
Sorrio de um lado, choro ao virar para o outro.
Aperto firme uma mão, sem querer soltar a outra.
Escolhas que seguem em direções opostas, inversamente proporcionais.
A vida me diz que não posso ter tudo...
Por que, então, me deixar escolher?
Sou geminiana nata e esse verbo nunca me fez muito bem.

domingo, 17 de maio de 2009

Enquanto uns dormem

Vou por atalhos...
Se faço curva, faço nó!
Eu não tenho timão nem direção maior.
Criando atalhos, a golpes de satisfação,
Faço escultura em luz de lampião.
Meu oriente é rente à televisão
Dos passos que passeiam no Japão.
Menino, a lente é vidro de aumentar visão
E a mente é de alimento à solidão.
Porque eu não quero ficar aqui
Enquanto uns dormem
Quero um balão pra poder subir.
E avise que vou voltar se não cair!
Fazendo um talho
À ponta de faca, sem dó!
Entrega ao punho sua direção...
E assim me valho
De verbo ou de coisa melhor
E aceito a cicatriz como perdão.
Deixa eu me explicar sem medo,
Tão mais cedo quanto for...
Assim não é preciso impressionar!
Cale-me com um segredo
Que eu não possa ver a cor...
Talvez seja mais fácil de acordar.
Se eu não puder viajar,
Me encontre aqui!
Talvez eu vá me esconder em mim...

(Vanguart)

Em paralelo

Queria viver no mundo que se abre nos meus sonhos, onde acontecem as coisas que estão guardadas lá no fundo do meu coração, sem medos, sem segredos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Violetas na Janela

Violetas esperam, na janela, um abajur queimar
pra iluminar o rosto de quem quer acordar
sem dores no pescoço em outro lugar.
Ah, violetas murcham na janela, sem saber por quê.
Dizem que enxergam o que ninguém vê,
ficam esperando sabe Deus o quê!
Diga que a lua dorme sobre o mar,
prometa que as almas nunca vão secar.
Segure a minha mão quando eu for chorar.
Tenho medo de ir lá, de nunca voltar.
Tenho medo ir de lá, de não te encontrar.


(Poléxia)

A velha cor

Eis que ela volta a ter as unhas vermelhas, tal qual seus sapatos.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Destino

É quando a vida joga na nossa cara que não estamos predestinados a fazer o que queremos e sim o que ela manda.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Sobre trabalhar no feriado

Acordei de manhã já com aquela sensação esquisita de quem deveria continuar ali debaixo das cobertas. Fui até a sacada, forcei os ouvidos, mas não pude ouvir o ronco de nenhum carro saindo da garagem. Sim, meus vizinhos estavam todos dormindo. Bem, escovei os dentes e me vesti. Roupas, cabelo, cremes, maquiagem, perfumes; tudo em seu devido lugar, como de costume. Nas escadas, nem o vizinho mais chato que nunca responde o meu bom dia. Até ele estava dormindo! Na rua, apenas o vento no rosto e a sensação de que alguma hora eu ia me deparar com aquele redemoinho de poeira que levaria algumas folhas junto e até faria um barulho de vazio, que aumentaria mais ainda a minha indignação. Nunca cheguei tão rápido à empresa. Sem o movimento rotineiro da avenida, num piscar de olhos já estava lá. Foi a experiência mais estranha que já vivi, trabalhar num feriado nacional. E o pior, era primeiro de maio, o dia o do Trabalho.