segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sobre as noites em claro

Café forte sem muito açúcar, uma jarra de água gelada pro tereré, uma lista gigante de músicas, papéis jogados pelo chão, lápis de diversas cores, canetinhas, canetas e afins.
São eles que passam as noites em claro comigo.
Até duas, três horas da manhã eu fico aqui; riscando, apagando, colorindo, sujando; fazendo surgir do vazio as cores bonitas, fazendo significar o insignificante.
Dormir é bom pra quem tem tempo. Eu? Tenho algumas horas e milhões de coisas a fazer.
É uma correria inexplicável que, se chegar ao fim, vai me fazer falta.
Nessa hora da madrugada, enquanto o mundo lá fora dorme, eu faço festa com meus croquis.
Tem de todos os tamanhos, de todas as idades, de todos os estilos.
Eles sorriem pra mim quando quero e como quero.
Posso até parecer maluca, mas gosto de ficar aqui com eles, inventando um mundo paralelo, onde problemas são resolvidos com laços de cetim e a tristeza é coberta por listras multicoloridas.
Amanhã o dia não vai ser nada fácil, vou querer dormir a cada piscar de olhos.
Mas à noite farei mais um café, quem sabe um pão de queijo pra acompanhar.
Todas as noites vou sujar as mãos de lápis de cor, manchar de tinta o chão da casa e cantar as músicas da lista interminável que me acompanha pela madrugada.
Porque é assim que vivem os artistas, é assim que vivem os loucos, é assim que quero viver.
Sabe aquele lance de amigos imáginários? Os meus aparecem nas noites em claro.