sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre o que deixei sem querer deixar

Eu sinto falta dos amigos que costumava ter sempre à tiracolo. Eu os carregava pra onde fosse, quando fosse e como fosse. Eu estava lá sempre que precisavam e eles estavam lá mesmo quando eu não precisava, porque simplesmente tínhamos uns aos outros. Mas um dia percebi que estava longe deles, longe demais pra acompanhar suas rotinas, suas tristezas e alegrias. Estava longe pra poder abraçar quando choravam, pra chorar de felicidade quando conseguiam algo que queriam, pra estender a mão quando as coisas não iam bem. A vida foi nos afastando tão sutilmente que não notei ter deixado passar tanta coisa; vitórias, alegrias, perdas, fracassos, necessidades, desejos, sonhos; e quando percebi, já era tarde. E então descobri que sem eles eu não era nada, sem eles os dias não eram os mesmos, as lágrimas rolavam diferente, tudo era mais frio, e o sorriso, já não tão sincero, deixara de ser quente. Mas seus rostos estavam lá fundo, no meu coração. A lembrança das risadas contagiantes, dos abraços aconchegantes vão ficar pra sempre comigo. Onde quer que eu esteja, pra onde quer que eu vá, não importando se feliz ou triste, jamais os abandonarei e tentarei, ainda que em vão, mantê-los de novo por perto. Que seja por uma carta, como as muitas que tenho guardadas, um poema, como o que escrevi certa vez e que sei que eles ainda o tem guardado, por telefonemas escassos, em datas especiais ou mesmo numa tarde qualquer de domingo, por uma foto que não sai nunca da parede e, principalmente, pelas lágrimas que derramo todos os dias em que me arrependo de tê-los deixado pra trás. Estarão sempre aqui, ainda que não estejam aqui e eu, prometo, estarei lá, ainda que esteja aqui.