A música chata atravessa os ouvidos como uma multidão que arrebenta portões, mas eles parecem não se importar. As bocas, riem, sorriem, conversam e cantam, mas meus lábios não se desgrudam. Os rostos se contorcem em risos, choros e gritos. O meu, não expressa sentimento algum. Corpos dançam, pulam, se balançam. Em mim, nenhum músculo se move. Apenas os olhos não param, giram vagarosamente em ângulos extensos, julgando comportamentos, não perdendo um só movimento. Assim permaneci, estática, numa festa movimentada. Me esquivando, imóvel, de olhares indesejados, desviando a atenção para o vazio, até me desligar completamente e passar a flutuar no meu espaço paralelo, num comportamento completamente blasé.