domingo, 19 de julho de 2009

Ela rebola e eu passo mal

E você resolve sair gatinha pra arrasar e conhecer pessoas novas. E troca, troca, troca, e acaba caindo na regata branca, no tênis com vestidinho, no lenço, no coletinho jeans. E passa perfume, e arruma o cabelo, lápis preto no olho, rímel pra dar volume, blush e afins. Sai linda, poderosa, som do carro no máximo volume, no melhor rock de menininhas e uma heineken gelada na mão. E se depara com ela, a convidada que não tem um milímetro de gordura extra, um fio de cabelo fora do lugar, de calça jeans e plataforma. E fica aquela guerrinha de leve, natural entre os opostos, mas nada muito agressor. De um lado a pitada de inveja de ser mais moderninha; do outro, de ser mais perfeitinha. Mas lá pelas tantas da festa, aparece ela; o meio termo de tudo, mas não num bom sentido. Ela que, de calça de termocolante prata e Crocs, saruel de oncinha e bico fino, 'feito cobra mal matada, rebola, e eles passam mal'. E no fim da festa você se descobre ali, ao lado da perfeitinha, porque afinal, vocês duas se dedicaram incessantemente aos termos do bom vestir, de bem apresentar-se, e eles, os mais gatos da festa, só olham pra 'ela'. E se fosse pra perfeitinha, você até entenderia. E se fosse pra você, ela também entenderia. Como não é, só lhes resta ficar juntas no fim da festa, no canto de vocês, bebendo uma bela cerveja e trocando músicas por bluetooth.