Café forte sem muito açúcar, uma jarra de água gelada pro tereré, uma lista gigante de músicas, papéis jogados pelo chão, lápis de diversas cores, canetinhas, canetas e afins.
São eles que passam as noites em claro comigo.
Até duas, três horas da manhã eu fico aqui; riscando, apagando, colorindo, sujando; fazendo surgir do vazio as cores bonitas, fazendo significar o insignificante.
Dormir é bom pra quem tem tempo. Eu? Tenho algumas horas e milhões de coisas a fazer.
É uma correria inexplicável que, se chegar ao fim, vai me fazer falta.
Nessa hora da madrugada, enquanto o mundo lá fora dorme, eu faço festa com meus croquis.
Tem de todos os tamanhos, de todas as idades, de todos os estilos.
Eles sorriem pra mim quando quero e como quero.
Posso até parecer maluca, mas gosto de ficar aqui com eles, inventando um mundo paralelo, onde problemas são resolvidos com laços de cetim e a tristeza é coberta por listras multicoloridas.
Amanhã o dia não vai ser nada fácil, vou querer dormir a cada piscar de olhos.
Mas à noite farei mais um café, quem sabe um pão de queijo pra acompanhar.
Todas as noites vou sujar as mãos de lápis de cor, manchar de tinta o chão da casa e cantar as músicas da lista interminável que me acompanha pela madrugada.
Porque é assim que vivem os artistas, é assim que vivem os loucos, é assim que quero viver.
Sabe aquele lance de amigos imáginários? Os meus aparecem nas noites em claro.